sábado, outubro 07, 2006

Qual a ligação entre casos mediáticos e longos interrogatórios judiciais?

A propósito do interrogatório de 8 horas ao Arguido detido após um longo sequestro e tentativa de roubo (sob ameaça de arma de fogo) numa dependência bancária em Setubal...
Neste momento todos corremos o risco de ser injustos e eventualmente precipitados, em qualquer análise. Afinal o processo estará em segredo de justiça e só quem o conhece poderá falar com inteira propriedade, no entanto não é proibido em Portugal que cada um expresse as suas inquietações.
Há algo que não posso deixar de notar: cada vez mais caminhamos para a generalização de atitudes que podem passar por pidescas na nossa justiça.
Todos sabemos que quando os indivíduos são interrogados sem que dormissem há já várias horas o seu discernimento não é famoso. Mas, e independentemente desse facto, não é difícil adivinhar, mesmo ao mais leigo dos mortais, que um longo interrogatório mina a capacidade de qualquer um. Porque são muitas horas de nervosismo, de tensão, de cansaço, que necessariamente diminuem a resistênca física, a sagacidade, a memória e o próprio instinto e vontade de defesa.
Não entendo a grande moda em Portugal de os interrogatórios mediáticos durarem várias horas.
Creio que nunca estive num primeiro interrogatório de arguido detido que tenha durado mais do que uma hora e meia (de furto, roubo, ofensas à integridade física, sequestro, abuso sexual de menores e tráfico de estupefacientes, por exemplo) e no entanto ultimamente todos os interrogatórios que despertam a atenção dos jornalistas duram horas e horas.
A justiça não se compadece com pressas. Mas se podemos entender a demora quando o interrogatório surge já após longas investigações, escutas telefónicas, recolha de documentos, etc... porque o arguido terá de ser confrontado com cada um dos variadíssimos crimes dos quais é suspeito e eventualmente com elementos de prova já recolhidos, tenho muita dificuldade em aceitar esse facto quando se trata de um arguido detido em flagrante, no culminar de uma importante operação policial, mas necessariamente ainda com pouca recolha investigatória.

1 comentário:

Anónimo disse...

Dass!!!!!!!!!!
A tua veia de advogada vem sempre ao cimo. Vejo-te defenderes arguidos que roubam carros, que assaltam bancos, que mantêm pessoas sequestradas, etc. e ao mesmo tempo atacas policias que disparam contra bandidos. Se um dia fores raptada por esses meninos que defendes, fores violada e atirada para uma lixeira com os olhos vendados, talvez deixes de pensar dessa forma. Olha que eu sei do que estou a falar e uma menina de 15 anos, que ia para o Liceu, passou por isso.
José Santos

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