quarta-feira, fevereiro 10, 2016

Não discriminação, homoparentalidade

Hoje não posso estar mais orgulhosa do meu país. Um dia em que se dá mais um passo em frente no respeito de todos, no respeito da igualdade e não discriminação.
Sempre que Portugal se supera, tem grandes feitos ou contribui para um mundo melhor, tenho orgulho de ser portuguesa. E respeitar os direitos humanos, respeitar as diferenças, terminar com a não discriminação e garantir mais adoptastes capazes para crianças que precisam de amor só pode ser evoluir.
Portugal é um dos países em que o casamento por pessoas do mesmo sexo é reconhecido, e não deveria existir um único país onde assim não fosse - devia ser uma não questão.
Portugal, hoje, eliminou qualquer entrave à adopção por casais do mesmo sexo ou apadrinhamento civil. O superior interesse da criança não é o que está em causa nesta discussão. O superior interesse da criança é não estar numa instituição e ter a sua família de amor, preferencialmente a biológica. 
São os técnicos que caso a caso avaliam a capacidade de alguém para ser adoptante, assim como asseguram - não só nos elegíveis à adopção em geral, como nos elegíveis a uma adopção em particular - que o superior interesse da criança está acautelado.
 O que não faz sentido é aprioristicamente dizer a um homossexual que não tem direito de adoptar, que é menos capaz, que tem menos direitos, que é menos capaz de amar um filho, que é menos capaz de dar estabilidade, colo e família a uma criança ou que não é digno de ser pai. Ou dizer-lhe, finges que és heterossexual, adoptas, depois o teu parceiro ou futuro marido/mulher co-adopta.
No mundo real há crianças que são filhas de pais homossexuais que só tardiamente se assumem e convivem, assim, com os seus parceiros. Há filhos de transexuais que só tardiamente conseguem reconhecer que viviam dentro de um corpo que não correspondia ao seu verdadeiro género e só aí iniciam o processo, e os filhos convivem com essas mudanças.
O amor é real e a criança que tenha amor e estabilidade, um colo, viverá mais feliz na diferença do que na indiferença. Não há nenhuma instituição que seja um lar, por mais cor-de-rosa que sejam as suas paredes e por mais idílicas que sejam reportagens televisivas.
Não se preocupem com a "confusão", as crianças descomplicam pelo amor. Não se preocupem com a crueldade das outras crianças. Todos merecem ser educados para a diferença, porque a não ser assim teremos de perceber que a pobreza é alvo de crueldade, os defeitos físicos são alvo de crueldade, a cor da pele é alvo de crueldade, a religião, a etnia e tantos outros pontos externos ou internos. O que fazemos? Impedimos pais de ser pais, impedimos crianças de ser crianças?
Num país de grave taxa de alcoolismo, de elevados índices de violência doméstica, abusos sexuais, miséria, fome e iletracia, vamos preocupar-nos com as crianças que vivam em famílias que as amem, porque há diferenças que não magoam, que não diminuem, que não excluem?

A designação "arco-íris" é universal, com história. Ainda assim, eu não a uso.
Para mim resume-se a:
 - Há famílias com amor, famílias sem amor e disfuncionais;
- Há sexualidade em cada um de nós, em qualquer idade, com parceiro ou sem ele;
- Há sexo com companheiro, sem companheiro, sexo por sexo, há amor, fazer amor, com parceiros do mesmo ou de outro sexo - por mim, apaguem a luz ou deixem-na acesa, tanto me faz.
Maria


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