quinta-feira, dezembro 31, 2015

2015/2015 - Balanços

31 de Dezembro, a passagem de ano está mesmo aí.
Era suposto fazer um balanço de 2015, considerando que:
1.º Não tenho aqui comprimidos para o enjoo, e tenho ideia que isso de balanço pode dar mau resultado;
2.º Tive contabilidade no 9.º ano, (de 0 a 5 tive 5 - cagona) e percebi logo que nunca mais queria ouvir falar em balanços. Já na altura eu devia ter a ideia de que não ía gostar de uma profissão onde o fisco fosse muito próximo.

Assim sendo, se calhar esquecemos isto do Balanço e Feliz 2016.

P.S. Vou ver se há passas.

segunda-feira, dezembro 28, 2015

Piropo

Não bastava o "não és tu, sou eu". 
Um bronco agora tem sempre desculpa para não reagir à sensualidade de uma mulher, é crime.

sábado, dezembro 26, 2015

Sonhos explícitos





A noite de Natal, foi uma noite como outras, ou não.
Com mensagens que emocionam, a família que um dia se reduz e acaba, com gastronomia que deve ser o teste de reprovação de qualquer nutricionista, e com saudades do sofá, dos gatos e dos livros.
No fim da noite um todo o terreno, perdida, no meio de barrancos, sulcos de rodados de tractores, pinhais, um GPS que manda seguir para caminhos que não se conseguem descer e muito menos voltar a subir e a ver a auto-estrada, ali tão perto, do outro lado da vedação.
Como a companhia de viagem era a mãe, a emoção da viagem era coroada por frases trágicas: não saímos daqui, o carro vai virar, ai, ui, ai meu Deus  e tive um curso de seminário intensivo, não houve Nome de Deus ou Santo que eu não ouvisse naquela noite. Portanto, sim, eu tive um Santo Natal.
Claro que a minha mãe achou que o dela ía ser mais santo e ía directa ao Criador.
Depois disto, eu que nunca me lembro do que sonho, tive um sonho que nitidamente demonstra o meu remorso (ainda há salvação para a minha alma) - sonhei com as minhas 3 balanças e o número que marcavam não parava de aumentar.

quinta-feira, dezembro 24, 2015

Docinhos e chocolates

A todas as criaturas que me brindaram com docinhos e chocolates, agradeço e digo mais: não ireis padrão inferno porque eu já os comecei a castigar a bom ritmo (os chocolates).

Cai-cai

Num mundo perfeito as mulheres escolhiam onde queriam emagrecer e onde não era suposto haver desinflacção.
Num mundo perfeito isto não tinha de se chamar "não comas e faz plásticas".
Já que isto é imperfeito, como o que me apetece, prescindo de respirar e agarro decotes.

quarta-feira, dezembro 23, 2015

Em números

90% de sacrifício e esforço e 10% de inspiração. É assim na arte.
No direito 90% devia ser bom senso.
Um advogado passa a vida a ouvir 10% de direito, 90% de remoques azedos.

segunda-feira, dezembro 21, 2015

Condecorações urgentes

Cavaco estará consciente de que lhe resta muito pouco tempo para condecorar Marco António Costa?

Acima das possibilidades

Os portugueses na vivem acima das possibilidades, só encaixam perdas bancárias muito além das suas capacidades.

Escolhas de Natal. Tudo é política. Tudo tem consequências.




A vida é feita de escolhas.
As autarquias e as associações comerciais são livres de escolher investir em engalanar uma cidade para o Natal, ou não. Os orçamentos são o que são e é legítimo sacrificar luzes e música de Natal em prol de outros projectos, desde que voltados para as pessoas.
Naturalmente que essa decisão, que pode parecer fútil a alguns olhos, de adornar uma cidade com enfeites de natal, tem mais peso quando uma cidade vive, grandemente, do turismo. Quando o comércio necessita de estímulos, quando as ruas precisam de pessoas.
A Figueira da Foz é a cidade que quer os seus cidadãos na rua, a participar de iniciativas, que quer todo o ano ter visitas e turistas que não passem por cá, mas que fiquem e, sobretudo, que voltem.
Tanto basta, a meu ver, para que se invista no turismo, na beleza da cidade.
As pessoas deslocam-se a Lisboa para ver a árvore de natal, as iluminações, como um ritual que ganha adeptos. Óbidos contrariou a morte das livrarias tradicionais e tornou-se, ao mesmo tempo, tradição de vila natal. Águeda atrai visitas ao seu gigante Pai Natal. Montemor transforma o castelo num sonho de luz de Natal.
A Figueira tem rede hoteleira de qualidade, tem rio, mar, praias deslumbrantes, serra, salinas e depois tem o resto, o resto... Um casino, um CAE, conseguiu inscrever paragens de cruzeiros por aqui, de passagem.  Devia investir num deslumbrante postal/cidade de Natal? A minha opinião é: sim.
Admito, aceito, compreendo que não possa.  Na realidade com esta, ou com nenhuma justificação, temos acanhadas luzes aqui e ali, semeadas num dia de vento.
Lamento, mas ou se faz porque se pode, porque se quer, porque se investe e faz escolhas, ou não se faz.
Fazer mal, fazer pouco, fazer tarde, isso sim é deitar dinheiro fora. É má, é péssima decisão.
As fotografias são de 17 de Dezembro. A 17 de Dezembro faz sentido estar a montar luzes de Natal? Não deveria ser a 17 de Novembro? Estivemos à espera dos saldos de última hora de iluminações, do resto de luzes que ninguém quis?
Gastar dinheiro é isto.
Façam-me um favor. Lembrem-se que o verão se prepara no Inverno.


Senhor Silva

O senhor Silva condecorou 
Alberto João Jardim, desconheço se foi depois do almoço, desconheço se havia cubanos.

domingo, dezembro 13, 2015

Liberdade, igualdade, fraternidade

Após a 1.ª volta das eleições regionais francesas a França deu mais uma prova do seu vigor na defesa de valores que a todos nós honram, que a todos os defendem.

LIBERDADE, IGUALDADE, FRATERNIDADE

A França votou, a França foi às urnas, muito mais do que para escolher um partido, mas sim para defender os valores primordiais. A França hoje votou por si, a França votou pelos que integra, a França votou por todos nós.

A Frente Nacional existe, porque a democracia existe, mas nem uma região conseguiu vencer. 

Esta foi também a derrota dos terroristas que não nos querem só aniquilar, absorver e subjugar, que não querem só que o medo aniquile o nosso modo de vida, mas que querem que nos nossos corações nasça o ódio radical e cego que é o único pulsar que os anima.

A França hoje disse não.
Hoje vencemos, não nos renderemos.



terça-feira, dezembro 01, 2015

Pão




Este pão é muito bom.
Por favor não se inspirem e não comentem com gestos.
Obrigada 

segunda-feira, novembro 30, 2015

Quando é que nos tornamos tão parolos?

Por estes dias é um "conceito" um suposto revivalismo o regresso a tavernas, tabernas, adegas, botequins e petisqueiras. 
Este suposto é só suposto.
Alguém já frequentou uma verdadeira taberna? Dispensamos as moscas, é certo, bem como os candeeiros que as electrocutavam com um barulho assustador. Numa taberna comia-se, conversava-se e bebia-se.
Comer não é provar. Quem ía à taberna eram os homens valentes da terra, os populares de trabalho braçal, homens de muito alimento e sem dinheiro para coisas caras.
Hoje vamos todos cosmopolitas às tavernas ou tabernas, porque não podemos ficar fora do conceito. E o conceito é vendido logo pelos novos taberneiros, que Deus nos livre de os considerar taberneiros. São sempre pessoas com "outras vidas". Podiam ter qualquer outra opção, mas escolheram o estabelecimento apenas como um passatempo, como um modo de gastar dinheiro e conviver com uns amigos, como uma forma de ensinar aos parolos que há conceitos novos, revivalistas. Contudo, não convém muito averiguar sobre a sua verdadeira situação pessoal, não vá dar-se o caso de, afinal, aquele ser mesmo o seu modo de vida, a sua profissão. Porque nós, que vivemos do nosso trabalho, podemos ofender tão ilustres personagens com este pensamento herético.
Passemos à comida, serve-se pouco, mas há muito conceito. É para provar, é para partilhar, é para pedir vários petiscos, mas, contudo, o preço é o de um prato completo, num restaurante normal, que não tenha "um conceito". Um restaurante somente, que nós, parolos, poderíamos frequentar.
E aquelas pessoas gourmet, que nos vão ao bolso com um sorriso de "estamos a recebê-los como em casa, isto não é profissional", servem-nos doses ofensivamente pequenas, que servem para provar, não para lanchar, almoçar ou jantar, e não estamos em provas de degustação.
Curiosamente, quando vêem os pratos, invariavelmente, os comensais anunciam: que são frugais, que afinal naquele dia nem tinham fome, que só queriam mesmo provar, que a refeição anterior ainda os deixou enfartados. Naquele dia não queriam mesmo comer, só vieram pela companhia, por isso a micro, micro, micro dose, a preço médio, macro, desproporcionado e caro, serve.
Só os parolos diriam que consideram aquela dose ofensiva, que o preço não se adequa ao que se serve, que aquilo não é jantar, que têm uma fome normal, um apetite normal.
Falo agora de 4 exemplos. 
1.° taberna teimoso, Figueira da Foz -  Aqui temos doses micro, micro a preços que, se verdadeiramente se quiser comer, só estão ao alcance de bolsas abastadas. Aqui está uma taberna onde ninguém entra com fome e onde jamais entrará quem alguma vez frequentou uma taberna;
2.° Quebra Costas, em Coimbra. Estabelecimento girissimo, tapas mínimas a preços classe alta. Aqui também ninguém tem fome. As pessoas entram só por entrar, sim, porque se fome tivessem teriam de pagar por um jantar mais do que pagariam num hotel 5 estrelas;
3.° Clérigos, Porto. Eis uma zona cara, onde as tapas são tapas e são baratas. Ou seja, sim, pode combinar, facilmente, 3 tapas e comer uma refeição, sem ficar com fome, a um preço simpático e sem grande pretenciosismo;
4.° Volta e Meia, Figueira da Foz. Ficamos a meio caminho entre o petisco, o prato e a tapa. E no fim, por uma pequena refeição, sem ingredientes de primeira água, pagou-se mais do que se pagaria num restaurante de doses normais, com boa qualidade. Mas o conceito é giro, parece uma taberna, uma petisqueira, mas fica a meia volta de qualquer destas coisas; só mesmo a meia. Vale a pena o cheese cake, só.
5.° Taverna Ti João, Figueira da Foz, a minha última experiência. Prego no bolo/pão do caco, em que o pão era de fraca qualidade, mas a carne, que era uma ilha no meio do pão, era de qualidade. Havia era pão a mais para carne que caberia numa metade do que a envolvia. E pediu-se também um bife. Toda a gente sabe o que é um bife, certo? Errado. Um bife não é nada disso que imaginam, é apenas um medalhão, uma medalhinha (melhor dizendo), sendo a conta um alfinete de peito.  Alguém pode pretender que uma fatia de carne com 2 cm/s por 3 cm/s seja um bife? Cada um faz as suas listas com os preços que entender. Ponham um bife a €50,00, só entra quem quer, só pede quem quer, mas talvez não possamos dizer que estejamos numa taberna. Mas que seja um bife. Mas não me ofendam, por dinheiro nenhum, a servir um bife que permite duas garfadas a quem não quiser ser mal educado e comer de um único fôlego. Sim, o bife não custava €50 euros, mas pelo preço só foi servida a prova, ou a sobra, ainda que bem confeccionada.
Mas se calhar não fomos ali para comer, mas para fazer parte de um conceito. 
Depois olho para os donos, gordinhos. Olho para um cliente com peso bem acima da média, uma cliente obesa, e penso: que parolos que nós somos. Só não têm fome ali, naquele dia? Ao sábado à noite ninguém tem fome? Ou comem açorda antes do jantar? Ou melhor, vão para casa comer pão e papas cerelac porque a fome não perdoa? É isto que agora se faz, cosmopolitamente, ao sábado à noite. 
O sítio é giro. Mas descobri que sou parola, que sou saloia, que não quero fazer parte de conceitos, que sou portuguesa em Portugal. 
Descobri que estes conceitos me ofendem e me ofende o nacional carneirismo das modas. E ninguém desalinha, ninguém critica, não vá dar-se o caso de ser labrego.
Descobri que estes conceitos me ofendem quando um incauto estrangeiro ali possa cair e, afinal, descubra que é mentira que em Portugal se receba bem à mesa, se coma bem. Ou melhor, que estes donos gourmet estejam a desvirtuar o conceito de taberna, o conceito de mesa portuguesa, o conceito de sermos um país de prazer gastronómico.



domingo, novembro 29, 2015

CGTP as manifestações são coisa séria

Uma manifestação é algo sério, que só alcança o seu objectivo pelo peso que lhe reconhecemos e cuja banalização enfraquecerá, para sempre, este democrático instrumento de pressão.
A CGTP organiza uma manifestação para pressionar Cavaco a indigitar Costa e empossar o seu Governo. Nada mais óbvio é expectável. A central sindical cumpre a sua linha política de pressionar a presidência a expulsar o governo demitido (que a CGTP não queria) e a empossar a maioria de esquerda que a Central - coerentemente - apoia.
O que já não faz sentido e raia a fronteira do ridículo é que, satisfeita a exigência (de forma causal ou não), a manifestação se mantenha mas, imediatamente, com um novo objectivo. Alertar o Governo, que se queria urgentemente empossado quando a manif foi agendada, para o facto de as políticas que promete não poderem ficar no papel. Um Governo que ainda não tem uma semana. O mesmo governo que era o resultado querido originário da manifestação.
Não se brinca às manifestações, porque é esta brincadeira, é esta banalização, que lhe retirará efeito de pressão, que lhe retirará força, que permitirá aos políticos desvalorizá-la.
Uma manifestação não pode ser o cumprimento de contratos estabelicidos com transportadoras e restaurantes.

sexta-feira, novembro 27, 2015

Palavra da semana

A palavra da semana é "indicar".
Podia ser azia, mesquinhez ou Cavaco, mas na semana em que o PR em exercício não consegue cumprir o seu dever institucional de "indigitar" o Primeiro Ministro mas o "indica", a palavra merece, certamente, ser destacada.


"in·di·car Conjugar
(latim indico-areindicardenunciarrevelardescobrir)
verbo transitivo

1. Mostrar através de sinalgestosímbolo ou instrução (ex.: o professor indicou onde estava o erro ortográfico). = APONTARASSINALAR

2. Dar a conhecer. = DENOTARMENCIONARREVELAR

3. Fazer a recomendação ou a prescrição de (ex.: indicaram-me um excelente advogado). = ACONSELHARRECOMENDAR

4. Designar para cargo ou função (ex.: o conselho de administração vai indicar o próximo director financeiro). = DESIGNARESCOLHERNOMEAR

5. Escolher como ideal ou preferencial para. = DESIGNAR

6. Dar esclarecimentos ou informações sobre. = INSTRUIRORIENTAR

7. Fazer o esboço de. = DELINEARESBOÇAR


"indicar", in Dicionário Priberam da Língua Portuguesa [em linha], 2008-2013, https://www.priberam.pt/DLPO/indicar [consultado em 27-11-2015]."

domingo, novembro 22, 2015

Semi

Cavaco tornou muito mais fácil explicar o que é isto de um regime semipresidencialista. 
É o regime onde chamamos Presidente da República a um Cavaco (uma espécie de presidente).

sábado, novembro 21, 2015

O sorriso das vacas

O que é um impasse político, um governo demitido, uma país adiado em comparação com o sorriso das vacas.
Cavaco depois de 31 audições, sem pressa, vai à Graciosa em busca de respostas no oráculo do sorriso das vacas.
Há quem se sinta tentado pelo pasto.

TAP low cost

Perdas da TAP podem ficar no Estado, se calhar não há as garantias necessárias, se calhar o sócio maioritário não é português (ok, mas é um estrangeiro cheio de pinta e que fala português) - pormenores de quem é do contra.

 O que interessa é que está tudo assinado.

Vá, já agora digam lá quanto é que pagamos à cabeça para vender isto (eu até acho que se justifica pagar para nos livrarmos de Fernando Pinto).



sábado, fevereiro 14, 2015

Outros não viram

No programa «Os Europeus», Sicnotícias, desta semana, foi entrevistado o Presidente do Parlamento Europeu, Martin Shulz.

A certa altura o jornalista pergunta a Shulz como via, ou o que pensava, do facto de Portugal ter sido um país intervencionado, e a Troika não ter visto o colapso do BES.

A resposta não se fez esperar. Martin Shulz não sabe se a Troika sabia, ou não, do colapso. Mas se não viu, outros não viram. E a política é isto. Respostas vazias, irresponsáveis e desresponsabilizadoras.

Faltou apenas dizer quem quer enganar a Troika (como o Regulador) engana.http://porquemeencanita.blogs.sapo.pt/outros-nao-viram-9924


segunda-feira, fevereiro 09, 2015

O silêncio do Arguido

http://porquemeencanita.blogs.sapo.pt/o-silencio-do-arguido-9657


O silêncio do Arguido

por maria l. duarte, em 09.02.15
Discute-se, por estes dias, o crime/tipo criminal de enriquecimento ilícito, injustificado ou o que a cosmética lhe queira chamar. 
Entretanto, ficamos já a saber que há quem pretenda um crime pela não declaração, ou errada declaração de rendimentos por parte de políticos, assessores, adjuntos e todos os que se puderem abarcar, mas supostamente um crime próprio; e um crime comum, ou seja, qualquer pessoa (Independentemente da ligação ao estado ou a cargo político ou de confiança política) pode ser agente do mesmo, seria o crime de enriquecimento indevido, ilícito, não justificado. 
A TSF, hoje, fez uma ronda pelos vários partidos - pese embora não tenha expressamente questionado cada interlocutor, a cada momento, se aquela declaração era governativa, partidária, vinculativa ou feita a título de mero cidadão. 
Sou suspeita, considero este crime um crime aberrante. Uma, cada vez mais consentida, violação dos direitos fundamentais, uma intromissão do estado na nossa reserva, um perigo, uma violação de princípios de que temo abdicar. 
A justiça é um valor absoluto, mas a justiça feita por homens não. Não pode ser, pela nossa própria natureza. 
Ninguém está livre de ser alvo de processo injusto, kafkiano (ainda que sem corrupção dos administradores da justiça). E se isto acontecer, no dia em que qualquer um de nós for alvo de processo injusto, lamentará todas as garantias que deixou eliminar, em silêncio. 
Não posso ouvir o argumento do "quem não deve não teme". Porque é um não argumento. Um vazio, porque não tenho nada a esconder mas quero permanecer reservada. 
Em abstracto, este não argumento, daria para tudo. Desculpem, dá para tudo, porque é abstracto. Dá para as pobres declarações do nosso "estejêmos" Primeiro Ministro, que não acha grave que o escutem ou revelem escutas, porque nada tem a esconder. Triste país onde um PM não tem conversas de reserva. Dá para impor toda a devassa, toda a vigilância, penas abjectas até; afinal, se nada tememos, nunca as sofreremos. 
Mas pior do que toda esta pobreza foi ouvir Teresa Leal Coelho. Começo por ficar elucidada sobre o bem jurídico da escassez de recursos/capital para o desenvolvimento económico e social - cortei um pulso. 
Por acaso estes políticos não percebem que este é justamente o bem jurídico que um dia permitirá anular a fronteira entre responsabilidade política e responsabilidade criminal? Não, não percebem. Ah, perdoem: nada temem. 
De seguida foi a desgraça. Com ou sem melena nos olhos (o sem foi imaginação minha), a senhora deputada explica que o Tribunal Constitucional, no chumbo, tinha mostrado reservas a um ponto concreto: uma das decorrências do princípio da presunção de inocência (que agora tem vários graus, sendo cada vez mais um " eu não digo, mas que é culpado, é") é o direito ao silêncio, explicou. O Arguido pode decidir não se pronunciar sobre quaisquer factos que lhe sejam imputados, sem que o silêncio o possa prejudicar . Esta regra de ouro vale como uma verdadeira imposição ao investigador, ao dono do Inquérito ou ao Julgador. 
Não podem extrair-se quaisquer consequências negativas deste silêncio. O silêncio não pode ser, em processo penal, um "quem cala consente". Ora depois de revelar que está era a preocupação do TC, Teresa Leal Coelho desdobrou-se em exercício sofista, exercício de retórica argumentativa, e não correu bem. 
Já não há este perigo porque é o Ministério Público quem tem de provar que o rendimento não foi obtido de forma lícita. O Arguido tem todas as garantias de defesa, garante. Obrigada, senhora deputada. 
E se pretender pode, a todo o momento, atacar esta imputação. Como? Declarando a proveniência dos rendimentos. 
Hahahahah, isto só pode ser humor. Bolas, este MP de Teresa Coelho não conhece a Parte do Código Penal dos Crimes, parte Especial. Se o MP fez tão aturada investigação e concluiu que a fonte é ilícita é porque descobriu que o rendimento provém de fonte ilícita. Logo que o enquadre num tipo existente. Foi corrupção? Foi burla? Estamos a falar de branqueamento? 
Para mim, que sou limitada o Arguido tem, neste novo tipo criminal pretendido, o ónus de falar, se se cala assume a ilicitude do rendimento - porque o MP já descobriu que lícito não é. Logo, e em bom português "o silêncio prejudica o arguido", é uma quase confissão. Cruz, credo, como posso cometer tamanha blasfémia? 
Honra seja feita ao jornalista. Ele bem ficou confuso, também achou que o silêncio continuava a prejudicar, nesta acepção, bem questionou uma e outra vez sobre a diferença entre a primeira é a segunda formulação do tipo para evitar este efeito perverso. Nada a fazer: sim há inversão do ónus da prova, sim há violação do princípio da presunção de inocência, sim o silêncio prejudica o Arguido.
E afinal o crime será só (independentemente do nome), crime de rendimentos desconhecidos.

Guterres rejeita Belém e escolhe Jolie


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Guterres rejeita Belém e escolhe Jolie

por maria l. duarte, em 07.02.15
De acordo com o Expresso, Guterres já terá comunicado ao Secretário Geral do Partido Socialista que não será candidato a Belém, nas próximas eleições (presidenciais).
Não deixa de ser irónica a referência a que esta decisão só será tornada pública  quando o PS decidir anunciar o seu candidato. Digamos antes, oficialmente comunicada, porque a informação já está num semanário de referência e em todas as televisões.
E compreende-se que assim seja: O PS tem interesse em que o país comece a interiorizar o candidato; que o comece a ver como tal, que lhe preste atenção, que o veja como presidenciável e como o próximo PR, que o olhe como o futuro PR.
Esta notícia do Expresso há-de ter feito sorrir de regozijo: Marcelo, Rio, Vitorino e Sampaio da Nóvoa. Santana há-de ter ficado com um misto de alegria e cara de tacho.
Vejamaos:
  • Sampaio da Nóvoa esperará que Vitorino não quebre agora a tradição, e se mantenha como Sebastião Menor (não, não é uma referência à altura ou à sua imagem a subir naquela escadinha militar - mas podia ser);
  • Vitorino esperará agora ser cortejado e desejado;
  • Rio já se sentirá PR (e eu espero, sinceramente, que nunca seja PR ou PM), uma coisa é certa: só será o candidato mais votado da direita, ou o candidato da direita, se Marcelo não avançar. Contra a ameaça de Rio faria sentido uma antecipação Marcelista;
  • Marcelo terá aqui o cenário perfeito. Sentir-se-á, cada vez mais, o próximo PR. Tem uma difícil tarefa pela frente, contudo, por um lado o necessário distanciamento deste Governo, por outro lado continua a necessitar que Passos o apoie para não ser ele a quebrar a regra de ser o «segundo» candidato a PR. E neste cenário até o apoio dos populares seria bom. Marcelo, que é homem de estratégia, poderá fazer já um pré-pacto com Rio, apoiá-lo a próximo candidato à liderança do PSD (após as legislativas), não avançando este a Belém. Resta saber se Rio quer fazer uma travessia na oposição. A história recente do PS, mas também do PSD, mostra que o primeiro líder do partido na oposição, não é o líder que chega a legislativas.
  • Santana, se vê aqui a oportunidade de um candidato da direita ganhar - note-se que Santana acha que pode sempre ganhar - por outro lado, é com profundo azar e azia que verá esta notícia após o seu recuo para o anúncio de candidatura só em Outubro. Era a sua oportunidade de começar a fazer campanha já, sem o fantasma de Guterres; Temo por quem o tenha aconselhado a recuar, temo mesmo.
  • Obviamente que temos de contar com a lata de Santana para assumir que, afinal, pensou melhor, há cenários que o exigem, e de continuar na sua pré-campanha, declarando-se, mesmo, candidato. Também não devemos descurar o palco semanal de Marcelo e a sua capacidade de manobrar tapetes. Pode muito bem espetar a lança em Santana e arranjar forma de a sua candidatura seja «claramente» anunciada. 
Entre ir ocupar um Palácio frequentado, actualmente, por Cavaco ou continuar a ser o único português a privar com Angelina Jolie, Guterres fez uma escolha que nenhum homem criticará.

Pena de Morte na Jordânia


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Pena de morte na Jordânia

por maria l. duarte, em 05.02.15
Cada morte bárbara, cada atrocidade da organização terrorista que se auto-intitula estado islâmico, fere o que de humano há em nós. Todos os dias ansiamos que aquilo acabe. Que os verdadeiros Estados acabem com a maldita organização. Contudo, não condescendamos com a pena de morte. A pena de morte é aberrante é desumana, mesmo que aplicada pela Jordânia para vingar um crime hediondo. A condenação da pena de morte, de penas degradantes e da tortura não comporta excepções.

Depois do desterro, os apátridas


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Depois do desterro os apátridas

por maria l. duarte, em 01.02.15
Nos últimos dias tem-se questionar se os cidadãos de nacionalidade portuguesa que se juntam aos jihadistas devem ou não ser punidos com a perda de nacionalidade. Portugal teve já a pena de desterro, está seria uma punição nova, feita à medida. Não percamos muito tempo, é um absurdo. A organização terrorista que semeia a barbárie na Síria, Iraque e por onde conseguir passar, auto-intitula-se Estado Islâmico. Não é um Estado, não é uma nação, não é um país, é apenas e tão só uma organização terrorista, sem princípios, sem valores, sem fundamentação, sem legitimidade. Querem o quê? Negar a nacionalidade destes criminosos para legitimará escolha que fizeram de se juntar a terroristas? Querem dizer-lhes que pertencem a outro "Estado"? Aquilo não é e nunca será mais do que um bando de terroristas. Não são província, nem cidade, nem aldeia e jamais Estado.

Duarte Marques Tróia/Troika


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Duarte Marques Tróia/Troika

por maria l. duarte, em 31.01.15
Duarte Marques, deputado do PSD, inspirado nas cartas que têm brilhado na Comissão Parlamentar de Inquérito ao BES/GES, a que pertence (porque há quem sirva só para fazer número), resolveu escrever ao Primeiro Ministro Grego. E escreve a pedir explicações.
Oh senhor deputado, o governo responde perante o parlamento, mas é o governo do próprio país - vergonha n.º 1 (desta série, naturalmente, que eu não sei contar até números muito altos); Não quererá pedir, antes, explicações a Passos Coelho sobre os efeitos da austeridade? sobre os resultados do recente inquérito publicado pelo INE?
Mas o pior é que ou Tsipras faz como Pedro fez a Salgado e não recebe a carta, ou, efectivamente, toma conhecimento da mesma.
Aqui chegados, e abstraindo da vergonha n.º 1, eu imagino Tsipras, por ver que se trata de deputado luso, e por respeito, a procurar «quem seja» Duarte Marques.
E, à falta de melhor informação, Tsipras poderá ser tentado a ir ouvir algumas das suas intervenções, e aqui estamos na vergonha n.º 2. E esta, receio bem, não há justificação que a diminua. 

A Reserva das Audiências em Belém, a mentira é o limite

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por maria l. duarte, em 31.01.15
Deixemo-nos de subterfúgios e de cobardias.
O conteúdo das audiências que o Presidente da República concede deve ser reservado? Deve, obviamente.
Acontece que:
  1. Cavaco assegurou aos portugueses que podiam confiar na solidez do BES (pouco antes da «solução final»);
  2. Houve pequenos investidores a ir colocar dinheiro no BES, e a perder tudo;
  3. O BES passou a banco mau, com um novo banco mal parido (curiosamente ainda no mandato do conselheiro de estado que o era, que deixou de ser (ou não), que voltou a ser, que se desvinculou do Banco de Portugal, que retomou ao Banco de Portugal porque afinal ninguém tinha assinado a desvinculação - ufa), quase imediatamente;
  4. O PR afirmou que só tinha as informações que o governo lhe dava. O que, inclusive, alguns comentadores anunciaram como um fim de namoro entre a Presidência e o Governo, com Cavaco a dar a entender que o Governo podia não lhe ter contado tudo. De Belém, também nos lembramos, já se deu a entender que se era escutado - por isso, se calhar, também não era para levar a sério;
  5. Salgado afirma que teve duas audiências com o PR, já confirmadas. Até aqui continuariam a ser reservadas, cum grano salis;
  6. Porém, Salgado vai mais longe, e afirma que numa dessas audiências informou o PR sobre o colapso iminente do BES/GES;
  7. Há interesses dos portugueses (sim, o Banco de Portugal, que se afirma enganado e impotente, é o regulador nacional), há interesses dos contribuintes, do povo, em nome de quem são exercidos os mandatos, em jogo;
  8. Interesses tão relevantes, porque a segurança e solidez do sistema bancário e financeiro, não é de somenos, mas um pilar fundamental da nossa hodierna sociedade, que justifica uma Comissão Parlamentar de Inquérito;
  9. A partir do momento em que Salgado diz que não numa conversa «pessoal, privada», mas em audiência concedida «formalmente» em Belém, deu conhecimento ao PR do colapso iminente do BES, um PR não pode refugiar-se no carácter reservado da audiência para não dizer «fui informado e menti ou não fui informado e Salgado mentiu».
  10. A reserva tem fundamentos: a confiança de quem é recebido em audiência, em prol da protecção e da melhor defesa do interesse nacional, dos portugueses. Se o interlocutor faz uma afirmação sobre o conteúdo da audiência, infirmá-la ou corroborá-la não está sob reserva.
  11. Senhor Presidente da República, não responde perante o Parlamento, mas responde perante o povo. E aqueles deputados representam o eleitorado. Diga-o na Comissão, diga-o em comunicado aos portugueses que o elegeram, que não o elegeram, que se arroga representar aqui e no estrangeiro, que sempre pagaram impostos para sustentar a sua já longa carreira política, mas está instado a pronunciar-se. O silêncio não é aceitável.
  12. Em direito diz-se o silêncio «parece» que consente, em política, o silêncio permite-nos inferir toda a aparência da mentira.

PR «É Mentira»


 http://porquemeencanita.blogs.sapo.pt/pr-e-mentira-8177
Um dos pontos altos do meu fim-de-semana é ver e rever a afirmação peremptória de Cavaco «É mentira». Isto, claro, para quem ande mais distraído, afirma o ainda Presidente da República (porque a vergonha não tem limites), negando, assim, ter alguma vez feito declarações sobre o BES.
Pois, lamentavelmente, é verdade.
Cavaco Silva pode negar duas vezes (não se atreveu à terceira e o galo não cantou), as declarações sobre o BES estão gravadas, filmadas e foram amplamente exibidas.
Senhor Professor Cavaco Silva é mentira o que está a dizer agora. Se quiser repito: é mentira.

quinta-feira, janeiro 08, 2015

Je suis Charlie

Je suis Charlie
Charlie Hebdo 

quarta-feira, janeiro 07, 2015

A(s) mão(s) que controla(m) o GES=BES


A(s) mão(s) que comanda(m) o GES=BES

por maria l. duarte, em 06.01.15
Esta Comissão Parlamentar de Inquérito ao GES/BES centrou o interesse no Parlamento. Há transmissão televisiva, em directo, muitos portugueses a ver/ouvir, os jornais e os telejornais debruçam-se sobre a mesma, os deputados, genericamente, estão a mostrar um bom trabalho, e os portugueses estão a gostar, e há deputados a brilhar. Mariana Mortágua brilha em inteligência, pertinência e beleza.

Agendada que está a audição do Contabilista, para dia 8 de Janeiro, somos todos desiludidos com a informação de que a mesma vai ser «à porta fechada», sem transmissão. Desilusão.

A série, líder de audiências, do Canal Parlamento vai privar-nos de um dos seus melhores e, certamente, mais longos capítulos.

Este contabilista não é um personagem qualquer, ele já foi:
  • O culpado disto tudo (guião Salgado)
  • O pau mandado disto tudo (guião contabilista);
  • O confesso culpado disto tudo (guião contabilista);
  • O inocente bode expiatório disto tudo (guião Ricciardi);
  • O desaparecido disto tudo, com último encontro/morada conhecida nos EUA (guião Salgado);
  • O residente em Lisboa, disposto a aparecer (guião Salgado);
Disposto a aparecer, talvez, mas nós não vamos poder assistir.
Isto causa-me um enorme transtorno.
Estando, ao que parece, os diferentes depoentes em ruptura com, pelo menos, alguns dos outros. A cortar laços e a fazer estratégicas alianças, entre si.
Para efeitos de comparação com algumas práticas de organizações semelhantes, de outros países, eu tenho tido o cuidado de escrutinar em cada visualização, o verdadeiro cerne (pode incluir cherne) da questão: os depoentes têm, ou não, os dois dedos mindinhos?
E o pior é que já pus moedas a mexer para esta minha investigação científica, agora, boicotada.

publicado às 23:06

segunda-feira, janeiro 05, 2015

Sobre a proposta de alteração ao Estatuto dos Magistrados/retribuição


Sou favorável ao aumento da retribuição dos magistrados. Terão de ter retribuição condigna. Tal como defendo aumento de retribuição de políticos, de enfermeiros, e podia continuar. Quero juízes que possam ter um bom nível de vida, que possam aceder à produtos culturais, a bons livros, viagens, claro que sim. Mas assumamos, condignamente, esta posição. Se inicialmente se falava numa proposta de blindagem dos salários dos magistrados a futuros cortes, seguindo outros países, como bem revela o Diário de Notícias de hoje (2015.01.05), em artigo assinado por Filipa Ambrósio de Sousa, a opção foi abandonada. Mas surge um subsídio pela exclusividade da função. É certo que um Magistrado só pode exercer em exclusividade, mas isto soa-me a pouca clareza e coragem. Em forma de não chocar o povo. Um funcionário público para exercer outras funções tem de pedir autorização, que pode ser negada. Um privado que a tal se comprometa, tem de pedir autorização, e mesmo quando isso não é claro, é sempre discutível. Coloca em causa o seu descanso, a sua disponibilidade, concentração para o trabalho? É actividade concorrente? Ora, nada impede um Magistrado de deixar de o ser. E de exercer outras funções. Se se atribui um subsídio de exclusividade QUANDO A PROFISSÃO NÃO PODE SER EXERCIDA DE OUTRA FORMA, assumamos, estamos a aumentar retribuição, e se assim é, que isso se faça na retribuição base. Haja coragem, não se invente subsídio justificativo, quando se defende uma causa condigna.

domingo, janeiro 04, 2015

Gripe Mortal

Portugal tem todas as condições para aliviar a pressão da Segurança Social, diminuindo o número de reformas a pagar, dentro de poucos dias. Como? Através de um surto de gripe, agressivo, que aí vem.
Isto não é nenhuma teoria da cabala (aviso já). Não estou a dizer que o vírus foi criado, propagado ou tornado mais agressivo com esse fim. Não sou partidária desse tipo de teorias patéticas.
Contudo, temos avisos televisivos que indicam o prazo de 3 semanas para um verdadeiro surto de gripe agressiva, e não explicam (e nem todos podem entender) que a gripe agressiva já aí está.
Doentes crónicos ou indivíduos especialmente frágeis, crianças de tenra idade ou idosos, são a população que corre, como é expectável, o maior risco.
Portugal não tem uma rede social capaz e generalizada de apoio aos idosos. Salvo os que estão acamados e têm um qualquer serviço de higiene e alimentação ao domicílio, os demais estão por sua conta e risco.
Todos os dias estes idosos vão à rua, com as suas dificuldades, expor-se ao frio e aos vírus, para comprar alimentação ou medicação, quando o dinheiro chega. E quase nunca chega.
Portugal tem casas mal isoladas, e mal aquecidas.
As rendas que se mantêm aos níveis a que os idosos podem pagar, são rendas de casas com parcas condições, sem aquecimento condigno. Todos os anos se morre com braseiras ou com o colapso da rede eléctica da casa, que não aguentou a sobrecarga de aparelhos de aquecimento.
Mas, e sobretudo, as reformas miseráveis (que os nossos agentes políticos crêem que chegam, porque o nível de vida é outro) se não chegam para alimentação condigna ou farmácia, não chegam, certamente, para pagar energia que mantenha a casa quente.
Não há plano qualquer de contingência, salvo assegurar que os hospitais têm medicação e que se reforçaram para haver menos listas de espera, ou alargaram consultas.
Aliás, Lisboa já suspendeu o plano de contingência de acolhimento dos sem-abrigo. Não acabou só a maior onda de frio, se é que acabou. Acabou o Natal. E é sempre assim.
A maioria das cidades nem tão pouco teve qualquer apoio a essa população desprotegida. Nem têm, normalmente, faça frio de gelar, ou chova a cântaros.
Os números de mortes em Janeiro de 2014 são muito expressivos. Este ano espera-se um surto de gripe, de vírus mais agressivo, para que a vacina terá pouco mais de 50% de eficácia. Pelo menos já temos um registo de mortes em directo.
Haja verbas para subsídios de funerais. Porque reformas miseráveis vão perder muitos beneficiários. 
Estas contas cabem na folha de cálculo. As pessoas não.

sábado, janeiro 03, 2015

Rendeiro

Rendeiro

por maria l. duarte, em 03.01.15
Ditosa pátria que tão ilustres filhos pare.
Gosto de Rendeiro.
Aprecio que lance livros uns dias antes de estoirar um banco, e enquanto ele rebentava por dentro.
Lança livros depois do Banco já estar fechado e enquanto correm processos.
Tão impoluto, mas tão acima de qualquer suspeita, comenta o estoiro do BES.
E quando confrontado com a confirmação da coima de 1 milhão, aplicada pela CMVM, reage sem tretas:
«Está tudo prescrito, ou estará prescrito em pouco tempo».
E, está tudo dito. 
Rendeiro, tu estás lá.

O nevoeiro que vem de Belém


O nevoeiro que vem de Belém

por maria l. duarte, em 02.01.15
Todos ouvimos a repetição da mensagem do Presidente da República (inequivocamente, repetição).
Mais uma vez, sem qualquer pejo, Cavaco fez o que faz sempre. Cumpriu a sua agenda. Embrulhou a sua vontade e serviu-a (e, claro, achou que ninguém percebeu).
Como é que este homem foi Primeiro Ministro 10 anos, e há-de ser Presidente da República outros tantos? E, obviamente, como é que não há-de julgar que impõe a sua vontade aos portugueses?
Reeditar as conversas em família, com a fotografia do clã virada para as câmaras, é só um apontamento.
Podia ter as paredes forradas com fotografias dos amigos Espírito Santo, Duarte Lima, Dias Loureiro, Durão Barroso,  o Presidente do BPN, e outros afins, ficava-lhe bem.
O que fez o Presidente da República em 9 anos de Belém?
Fez isto mesmo, eriu a sua agenda. Geriu notícia, até se anunciou escutado, ah e tirou fotografias de família.
Como exerceu os seus poderes?
Com ar de quem manda, pois claro. A receber os políticos meninos no seu palácio. E eles lá vão, com ar de quem vai ao gabinete do director dos colégio.
Mas, em concreto, exerceu poder? Há quem julgue que não. Eu penso que sim.
Escolheu exercer esses poderes no alinhamento - repito-me - da sua agenda, da sua ideia de governo, de forma cúmplice e colaborativa.
Era isto que se esperava de um Presidente da República quando o país mais necessitava de um bastião, um último reduto de humanização de folhas de cálculo, em tempos de crise? Obviamente que não.
Os limites da defesa da dignidade da pessoa, do Estado de Direito, da Constituição da República Portuguesa foram realizados apenas, e sem poderes oficiosos, pelo Tribunal Constitucional. Que troika, Durão e PM atacaram sem respeito pelos portugueses e pela soberania que Portas não se cansou de dizer que estava diminuída.
Cavaco insiste em cada mensagem, em cada discurso, em cada prova de vida no «eu avisei, eu alertei, eu chamei a atenção».
«Bem prega Frei Tomás, (...)», lá diz o ditado.
Convenhamos, as mensagens de Cavaco são como as previsões do horóscopo. Pejadas a ideia de poder de influência de quem as debita, e em modo «abstracto ou dá para tudo».
Falar não é fazer. Falar e não usar os poderes para levar a fazer, não é nada. 
A Presidência da República era uma magistratura de influência. Agora tememos todos que só reste a influência.
E cada vez mais aprendemos que as influências, o abrir portas, raramente serve os portugueses. Ou, pelo menos, a maioria dos portugueses.

A Esquerda está condenada a entender-se

A Esquerda está condenada a entender-se

por maria l. duarte, em 02.01.15
O ano de 2015 é decisivo para Portugal, com legislativas de permeio, e campanha presidencial declarada.
Esqueçamos as lendas e narrativas.
São inócuas as vozes que ainda acreditam numa possível vitória desta maioria. A única dúvida é, de facto, saber a que percentagem de votos estão reduzidos. Fazem pior do que Santanta? E o CDS, é o novo Bloco?
Costa não pode, não quer e não governará com o PSD e não reeditará um bloco central. 
O CDS afundou-se em coligações, sumarinos e Nuno Melo. Foi aspirado, como a voz nasalada e fininha de Pires de Lima, na sua vergonhosa performance das taxas e taxinhas, temperada com basqueiro e deputadas finas de Lisboa.
A Esquerda está condenada a entender-se. Tem um líder, neste momento, Costa, e terá um Presidente da República (provavelmente).
Ouvir a sociedade civil, e o seu afastamento face aos designados partidos tradicionais, é perceber isto.
Os portugueses sabem sempre o que querem. E não querem esta política sem resultados. Ainda que agora o Governo alivie a asfixia em reposições que lhe foram impostas e em rasgos eleitoralistas.
Os portugueses não querem pseudo-escolhidos, com ar de autoridade, a relembrar senhores de botas escuras e ditaduras; não têm nenhuma dificuldade em viver em democracia. Não têm complexo de falta de líder - como tantas vezes, de forma estúpida, se afirma (mais ou menos em surdina, a temer o juízo certo).
Os partidos não têm de ser o que não são, nem negar a sua essência. 
Mas num país real, num contexto real, atentando a políticas reais - depois das eleições, é certo - tem de haver entendimentos, sectoriais (se outros não forem exigidos pelo número de eleitos parlamentares do PS).
A Esquerda não pode manter-se acantonada, para derrotar as políticas estéreis de direita, está condenada a entender-se.
E aqui há muito de ideologia, de política e de pragmatismo, e ainda bem.

Lituânia

Lituânia

por maria l. duarte, em 01.01.15
A Lituânia entrou na zona Euro. Há apostas para saber em que ano é o resgate?
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