domingo, outubro 15, 2006

As touradas no parlamento europeu

«Protecção dos animais e patentes foram os principais temas em debate no segundo dia da sessão plenária de Bruxelas. Os eurodeputados defendem a criação de regras mais exigentes no que se refere à protecção bem-estar dos animais. A resolução aprovada inclui diversos tópicos, desde a utilização de animais em experiências científicas às lutas de cães e de galos. Os eurodeputados também votaram a problemática das patentes, apelando a um maior controlo democrático sobre os respectivos procedimentos.
O Parlamento Europeu aprovou uma resolução que defende padrões mais elevados de protecção e bem-estar dos animais. O debate centrou-se nos produtos, nas lutas e nas experiências científicas com animais. Protecção dos animais: não às lutas de cães e de galos, sim às touradasDe acordo com o texto aprovado, "os consumidores devem ser informados e estar dispostos a pagar preços mais elevados por produtos oriundos de culturas com padrões mais elevados de bem-estar dos animais." De acordo com a resolução, a UE deve acabar com as lutas de cães e de galos. O mesmo não se passa com as tradicionais corridas de touros, que não irão desaparecer»
Este é um excerto de um texto que consta do site oficial do parlamento europeu que debateu em plenário na quinta-feira os direitos dos animais.
As touradas foram consideradas uma tradição espanhola e portuguesa e como tal ficaram de fora das proibições.
Todos achamos lindos os fatos dos cavaleiros e a elegância com que cavaleiros e cavalos se movem na arena, não deixa de ser admirável o arrojo dos forcados, a elegância dos toureiros... mas enquanto a tourada for um espetáculo de sangue, enquanto para entertenimento for necessário sangrar um animal e culminar na sua morte nos curros ou várias horas depois no matadouro... eu sou absolutamente contra as touradas. Eu acredito que é possível manter o cerne da beleza do espetáculo com métodos não agressivos, sem sangue, sem dor. Não será o mesmo, sem dúvida, mas sou daquelas que não põe a tradição acima do sofrimento.
Nem me venham dizer que assim os touros se extinguiriam... eu preferiria que a raça humana se extinguisse de morte natural do que fosse conservada para sessões de tortura e morte.
dass

3 comentários:

Anónimo disse...

Cara Dass:
Relativamente às corridas de toiros, convém recordar que a corrida à portugues não tem nada de semelhante com a espanhola. Nada! Convido-a a si e a quem quiser a acompanhar a criação de um toiro bravo, a verificar no terreno as condições do seu crescimento e a comprovar a bravura de tão nobre animal. Garanto-lhe que se por acaso proibissem as corridas de toiros em Portugal (o que não acredito) os toiros de lide não deixariam de ser criados. As qualidades reconhecidas da sua carne, ao invés da restante carne de vaca que a maioria das pessoas compra por aí, são razão mais do que suficiente para manter esta raça.
Ah: mas antes de aceitar este convite, visite uns quantos criadores de uma qualquer raça animal para consumo humano, verifique as condições de transporte do mesmo e verifique uns quantos centros de abate... Depois falaremos... Isto para já não falar de outro tipo de animais que por aí pululam (p. ex. nalguns relvados de futebol, como ainda este fim de semana vimos no campeonato inglês...). Tratar por igual o que é igual e de forma desigual o que é desigual...
Cumprimentos

Anónimo disse...

Anonymous,
por acaso vejo muitas semelhanças. Vejo um animal - touro - que não pediu para entrar na arena. Vejo uns indivíduos com umas fatiotas ridículas a maltrarem-no, a espetarem-lhe ferros. Vejo esse animal a sangrar. Vejo pessoas a aplaudirem e a rejubilarem. Vejo esse animal a sofrer.
De vez em quando entra outro animal - cavalo - que também não escolheu estar lá, e que está em pânico - com um individuo em cima. Esse animal é torturado pelo individuo e às vezes ferido pelo outro animal - touro - que está a ser martirizado e que apenas se tenta defender.
O fim, é sempre o mesmo: o touro morre. Só varia um bocadinho a maneira, e o tempo de sofrimento.

Por acaso não estou nada interessado em acompanhar a criação de animais para serem torturados e mortos. Muito menos quando se destina apenas a sofrimento para gáudio de pessoas extremamente egoístas, no mínimo.
O "corredor da morte" à portuguesa, ou "campo da morte" não me seduz. É um conceito asqueroso demais, especialmente quando os condenados são inocentes.
E considero que é tão digno criar os touros para os torturar, ou lidar, como dá mais jeito a algumas pessoas dizerem, como criar crianças para satisfazerem pedófilos.
É tudo doentio, e nada digno do século em que alguns de nós já vivemos.

Do facto de animais que vão ser mortos para consumo sofrerem, terem más condições de vida, de transporte e de abate, eu retiro que se deveria melhorar as condições de vida deles, diminuir o sofrimento e especialmente educar e sensibilizar as pessoas para outras opções de alimentação mais saudáveis e sem crueldade.
Só uma mente distorcida é que retira daqui que então é legítimo criar animais para servirem de alvos a certas pessoas.

Em relação à conversa de futebol, apesar de não perceber o contexto, lembro-lhe que existem leis e regras que protegem os jogadores/pessoas, e no caso dos jogadores eles escolheram lá estar, e por acaso, até são barbaramente recompensados por isso.
Os animais não escolheram nada, não têm recompensa alguma. A isso chama-se escravatura e/ou exploração.

É exactamente por os animais terem características iguais às nossas características humanas, que devemos tratá-los de forma igual.
Os animais sofrem, sentem dor, angústia, medo, e obviamente alegria e contentamento.
Espetar ferros num animal que tem sistema nervoso central, como nós, é um acto de pura ignorância, ou então extremamente doentio.

nuno

Anónimo disse...

Dass! Concordo em absoluto. Eu não colocaria questão melhor. Já gora também subscrevo, 'ipsis verbo' o que escreveu o fightbull.
Morte às touradas de sangue, e não aos touros! Queimar mulheres por suspeitas de bruxaria e liquidar os deficientes também já foi tradição. A evolução humana dará um significativo passo no ocidente quando a Ibéria, com ou sem capital em Madrid, puser fim a esta pena de morte de inocentes animais por outras 'bestas', nada inocentes.

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