Verador do CDS, da Câmara Municipal de Lisboa, João Gonçalves Pereira (não se preocupem se o nome não vos disser nada, é comum à generalidade do país, e certamente ao mundo), está contra a atribuição de distinção da cidade a Mário Soares.
Eis o partido que, na melhor tradição estalinista, também elimina fotografias, de ex-líderes do próprio partido, das paredes da sede partidária.
Soares é consensual? Não é, de todo. Ainda bem.
Soares excede-se? Talvez. Mas fá-lo dentro do limite do direito fundamental à liberdade de expressão e de pensamento. A mesma porque lutou. A mesma que permite ao referido vereador comunicar o sentido e a justificação da sua posição à comunicação social.
Soares é, definitivamente, uma figura histórica? Obviamente.
Figura histórica que lutou pela liberdade, que lutou pela libertação do povo, pela manutenção e defesa da liberdade conquistada. Humanista, republicano, democrata, progressista e idealista. Acreditou e trabalhou para a abertura do país à Europa e ao Mundo. Pacificou, como nenhum outro. Lembre-se a sua firmeza em terminar com caça às bruxas do antigo regime.
Soares acertou sempre? Não. Temos de concordar com todas as suas ideias, intervenções e ideologias? Não.
Soares é figura de projecção internacional? A pergunta é redundante, ver respostas anteriores e remeta-se para a cena política internacional do último quartel do séc. XX.
A ironia, ou melhor, a diferença faz-se no facto de o PCP se abster nesta votação de reconhecimento. E trata-se do partido de que Soares foi dissidente e que combateu, impedindo a sua chegada ao poder por acreditar que se instalaria uma ditadura ao melhor estilo de leste (e a ameaça era bem real). Partido com práticas estalinistas, ou melhor, também com práticas estalinistas.
O acto deste senhor vereador é mesquinho, ridículo, pequeno. Tão pequeno.
Uma coisa é certa, não precisa o senhor vereador de se preocupar por, num qualquer acto de vingança, o PS, ou os apenas reconhecedores dos méritos de Soares, negarem condecoração da cidade de Lisboa, ou do país, ao própio qualquer coisa Pereira. Pois, efectivamente, esta questão nem sequer se colocará, jamais.
P.S. Tenho a certeza no jamais, porque quem gosta de dar colares indevidos, está mesmo, mesmo, de saída de Belém.
1 comentário:
Recomendo que leia outras versões da história recente que eu por conhecimento directo tenho uma visão diferente daquilo que se diz que se passou.Devemos manter um espirito aberto para que quando julgamos não vamos aplicar uma pena que exceda a culpa ou vice-versa...
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