segunda-feira, setembro 03, 2007

A caderneta repleta

Ora, ora... vamos lá partilhar um pouco os cromos de fim-de-semana.

Logo de manhã, consigo beber café, cheia de postura, pois claro, e com a minha mania de me lembrar de coisas estúpidas e hilariantes quando está tudo sério, em plena esplanada da Emanha... transformo a minha boca numa fonte... e vai de medalhar as minhas calças, obviamente se eu me ía sujar, seriam de que cor??? Brancas! E melhor ainda, porque sou generosa, a T-shirt branca da mana ficou também com sinais de distinção! Se ela deixasse eu tinha recarregado a arma com café e disfarçava a nódoa escrevendo «Para a melhor mana do mundo». Ela é que foi mal agradecida. De onde se conclui que por muitos cromos que ponha na caderneta, nenhum me arrasa!
Ora, eu que não fui ver o Ratatui, descobri logo porquê! O filme que me estaria reservado seria outro.
Na praia passa um rapaz na casa dos 30 anos, engraçado até, com uma namorada linda... e o moço ía equipado de tanga branca!!!! Tanga branca? Desculpem, eu repito: tanga branca! Eu não sei o que era pior, se era a tanga, se era o facto de ser branca!
Como é que eu vou explicar isto? A incontinência é realmente um drama, a Lindor até pode ser discreta, mas não é para usar na praia sem mais nada por cima!
Bem, mas eu confesso que só vi que era uma tanga e que era branca... à noite, porém, havia quem ainda se lembrasse de outros detalhes! De acordo com a nova lei o rapaz era talvez pai de 10 filhos, a acreditar na descrição da amiga (vocês sabem quem, mas eu não posso dizer porque fui ameaçada), o que lhe garantia ser bem abonado!
Mas igualmente mau, talvez pior, aliás, seguramente pior... era um tal Adonis que se passeava de tanga preta (pois, novamente a tanga!), chapéu enfiado até às orelhas e a bela da fieira. Não consegui perceber se estava convencido de que a sua gordura merecia aquela exibição ao ritmo de um andar de tractor, ou se realmente ele achou que andar um dia a passear-se na praia iria queimar anos de banha!
De todo o modo a banda sonora que me ocorreu foi «Atira-te ao mar e chama-me tarzan!» Parou, aqui ninguém beija na boca!
Registei com agrado o facto de todos estarmos bem com as nossas tendências sexuais. Eu sou hetero (não praticante, tal como desportista e rica, mas hetero), mas vi na noite um macho acompanhado de um outro rapaz mais franzino e exibia o primeiro um valente chapéu de cowboy... percebi a mensagem... em filmes seria o Brokeback Mountain.
Eu que já não vou para nova, pelo contrário, e que, portanto, nem me dou ao trabalho de dizer a minha despedida de solteira não vai ser assim ou assado... convenhamos, para esta conversa o «não vai ser» chega, que a idade não perdoa. Devo dizer que fiquei estupefacta com o grupo que vi ontem de uma despedida de solteira. Ficamos sempre, eu sei, as pinturas, a roupa e os artefactos geralmente em versão «bandolete pára-raios» desafiam a sanidade mental de qualquer um.
As moças faziam-se trajar de «camisola amarela»... Ora, não querendo ser má, que não eram mais velhas do que eu, a camisola amarela (e amarelo é, segundo sei, conotado com fome - escusam de mandar bocas que eu não visto amarelo!) significava o quê? Não se tratava certamente de nenhuma delas chegar à instituição casamento em primeiro lugar, não havia ali propriamente adolescentes!!!!
A menos, claro, que não fosse fome e significasse sim, que a moça chega lá sempre antes do noivo... parabéns amiga, agora percebo esse sorriso, conserva o noivo, que isso são qualidades raras! Não conheço o nubente, mas mesmo que vos pareça mal, não olvidem «às vezes de uma fraca moita sai um bravo coelho».
Mas, continuando na senda do sucesso... a noite estava a correr tão bem, tão bem, que eu achei que nem podia melhorar... engano meu! Pode sempre ficar melhor.
Rumo eu ao quarto-de-banho (sim, eu frequento muito, que não sou nenhum camelo para armazenar água - já quanto às bossas, fico com algumas dúvidas... mas, isso não é suposto ser atrás?) e encontro uma das meninas da despedida de solteira, naquela pequena antecâmara munida de espelho e lavatório (onde as amigas cuscam, detonam os homens, rogam pragas até à quinta geração e ficalizam os ruídos que saem do outro compartimento, para ter a certeza de que a, ou melhor, geralmente «as» utilizadoras não estão a fazer ronha e de facto estão a utilizar adequadamente o espaço, descarregam a água no máximo nos cinco segundos depois do último ruído e saem antes de a descarga da água silenciar...).
Ora, a moça olha para mim, tira-me as medias (sim, ela sabia contar até muito, muito, muito), olha-me nos olhos, sorri e diz «Tens muito bom gosto!»
Eu, surpresa, usei aquela expressão que distingue claramente os grandes génios dos burros «como?» (distingue no modo como se diz, obviamente, porque a palavra é sempre a mesma, também utilizável na versão «hã?»)
Ela, que estava encostada à parede à minha frente, sorri ainda mais, dá um passo à frente (e eu pensei: amiga o meu departamento é masculino! Não faças isso! Não te quero conhecer, não estava a olhar para ti, os nossos olhares não se cruzaram, não vamos ser felizes juntas), insultei novamente a entidade superior que insiste em perceber mal as «ordens» que lhe envio... depois, respirei, controlei o pânico e pensei «Dass não sejas exagerada, estás a perceber tudo mal, a rapariga só está a ser símpática, isto é uma conversa banal de roupa, somos mulheres e ela de certeza que tem uma vida!», claro que aí me controlei e consegui sorrir, ía eu agradecer a simpatia quando a minha interlocutora dá outro passo na minha direcção, coloca ambas as mãos na barra da camisola amarela dela e zásssss, de uma só vez, puxa-a totalmente para cima, até ao pescoço.
A minha frase, pois claramente: «Não venhas cá que eu aleijo-te!
Dassss que lá vou eu em grande fuga daqui para fora, és muito «partilhadeira» mas tapa lá isso que eu não quero ver! O meu cérebro em alerta vermelho ainda regista «Só a cor é que é diferente»!
Ora, o meu pensamento: «pois, claramente aqui não se aplica a versão boys have penis, girls have a vagina», fui! Já em grande passo de corrida (mas não ando a treinar atrás de nenhuma bicicleta), sou atingida na segurança exterior pela conclusão «O meu top é exactamente igual só que é verde e o teu é branco».
dass
P.S. Saio para passear, ver o mar e apanhar sol. Raptada pelas amigas A e P, calcamos novamente todo o alcatrão da marginal e visitamos a casa da primeira amiga. A coisa estava tão má que a amiga P queria passar a usar balões na carteira para se inspirar. Eu, resolvo experimentar o novo colchão da A (disse experimentar, não disse estrear) e ainda tenho a veleidade de dizer «Ai a minha vida, deixem-me ficar aqui um bocadinho para ver se me oriento e se o ar que aqui se respira funciona como bússula...»
Ainda nem tinha acabo de me deitar, observava, por cima de mim, o enorme candeeiro e claro, achavam mesmo que ía mudar alguma coisa? Deitamo-nos as três e estivemos uma boa hora a rir, a gozar com a nossa vida, a cortar em nós próprias q.b. e a detonar solidariamente qualquer homem conhecido por uma das três. Qualquer não, só os que mereceram!
Havia três ressacas para curar: duas de whisky cola e uma de insónia.

4 comentários:

Anónimo disse...

Irra.... agora percebo porque é que as orelhas me ferveram a tarde toda....

Anónimo disse...

que saga! :)

Anónimo disse...

just remember ...it allways get better.

muito bom...mesmo muito bom. Na minha mente perversa já estava criado o enredo para o início do capítulo... in the badroom, with a yellow t shirt... PG

jg disse...

Tu não existes...
Mas a sorte que deve ter quem priva contigo!!!

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