
Mulher que é mulher vai ao cabeleireiro, em tempo de crise e de pressa, volta-se lá ao fim de 10 meses.
E diga-se em abono da verdade, para nos olharmos ao espelho com o cabelo molhado, molas na cabeça e ar de uma Santa de Fealdade, é mais do que suficiente.
Mas qualquer ida a tão encantador recanto é sempre digna de registo.
Estava eu a ser atendida quando entra uma outra cliente.Despertei ao ouvir por parte do estranho ser masculino que por ali polula, dirigindo-se à senhora, mas em tom de megafone, «esse cabelo estava mesmo a precisar de ser lavado!»
E a criatura em vez de o mandar à quinta casa, responde «Ainda pensei lavar hoje de manhã, mas como à tarde queria aqui vir, não valia a pena!»
Pois esta era a parte em que eu ía vomitando... ouço aquela pérola da melhor simpatia por parte do funcionário, fico a saber que a senhora é uma badalhoca porque ele fez questão de anunciar e ela de rematar... e levanto os olhos para ver que ele próprio além da madeixola usava óleo fula na parte de trás do cabelo.
Mais à frente, o discretissimo cabeleireiro remata: hoje é jantar de gala?
Além de limpo não era nada cusco.
A cliente lá explica que não, mas que aquele cabelo não estava em condições de ir a lado nenhum.
Eu pensei, é agora que ele vai ser simpático e se vai redimir.
Ora, se o acidente está mesmo à frente não há nada como acelerar.
Pois eis que a criatura persiste: «aquele cabelo só dava mesmo era para ficar em casa no sofá, e depois... Água!»...
E sai mais um insulto de porca!
A patroa deste senhor devia estar orgulhosa de ter contratado alguém tão malformadinho e com um cabelo tão sujinho num cabeleiro (mas suponho que seja para poupar as belas das madeixas)!
dass